Conversas de fila

Somo seres sociais, e eu, por mais que as vezes pareça introspectivo, gosto sim de bater um bom papo seja lá com quem tenha interesse ou disponibilidade. Ainda mais agora ao trabalhar diretamente com o público, acabei tendo que desenvolver melhor esta habilidade. Muitas vezes ao atender alguém, devido a algum problema (normalmente tecnológico), acabo demorando mais do que o padrão. E em um mundo em que cada vez mais as pessoas estão com pressa, precisamos ser os mais ágeis, precisos e cordiais ao mesmo tempo. Não demonstrar que algo errado está ocorrendo e fazer com que o cliente nem perceba que o tempo passou é tarefa para poucos. Modéstia a parte sou muito bom nisto, mas preciso sempre encontrar uma brecha pra puxar uma leve conversa, um gatilho para que o cliente que está a minha frente não perceba o tempo passar. Talvez seja este um dos motivos pelos quais a cada dia que passa eu gosto mais de trabalhar com Customer Service, algo que nem sempre é valorizado infelizmente.

Este comportamento eu desenvolvi há muito tempo, creio que desde a minha adolescência. Já mencionei diversas vezes que eu era frequentador assíduo de lojas de discos antigos e sebos durante a adolescência. E isto para mim era um prato cheio. Eu adorava conversar sobre autores, artistas, músicos e tudo aquilo que envolvia o ambiente ao qual eu estava imerso. Ao me permitir ter curiosidade por histórias e pessoas, me permiti também conhecer gente interessante, gente chata, gente estressada, enfim gente de todo tipo. Só que esta abertura demasiada também já me gerou muita chateação.

Sou chamariz pra toda sorte de malucos, drogados, pedintes, fanáticos religiosos, doentes políticos ou teóricos descabidos que se possa imaginar. Curitiba, que já é conhecida por concentrar toda uma gama de gente peculiar, sempre me proporciona boas histórias pra contar. Lembro do maluco do violoncello que conheci num festival de música no interior do RS, e encontrei por acaso na rua anos depois. Lembro dos neo-petistas da reitoria da UFPR tentando me convencer que a Venezuela é o melhor lugar do mundo. Do Plá, e da tiazinha crente que levou uma lição de moral do Adriano do Invasões Adrianáticas ao tentar professorar sua fé, enquanto simplesmente vagabundeávamos sentados no banco da praça Oito de Janeiro. (Aliás, se tem alguém que é campeão de atrair gente esquisita esse é o Adriano, Salve Simpatia!)

Mas também teve muita coisa inesperada e boa, desde novas amizades até oportunidade de emprego, convite para participar de programa de rádio, relacionamento amoroso, convite para passear de bike, ou simplesmente para tomar aquela gelada no final do expediente. Quando eu morei fora isso também ocorria o tempo todo, mas creio que o maluco era eu, tentando sugar tudo e todos ao mesmo tempo, tentando praticar meu Inglês sofrível as much as possible. Talvez eu seja o doidão que puxa papo do nada na fila do banco e nem tinha me dado conta até agora. Afinal, maluco atrai maluco. Que me desculpem aqueles que eu importunei, mas não vou mudar meu jeito, se não gostar coloque o fone no ouvido e vida que segue!

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