E vamos ao teatro!

Sempre ouvia falar sobre as expressões artísticas e a magia do teatro. Mas para mim soava mais como papo de intelectual, uma coisa meio distante. Até que fazendo um pequeno exercício de memória, tentei recordar da minha relação com este tipo de arte. Tive dois tipos de experiências teatrais, uma como aspirante a ator, a outra como espectador. 

Desde muito novo na época do colégio, devia ter coisa de doze ou treze anos, eu já gostava e apresentava certa habilidade e alguns dons teatrais. Lembro-me de alguns projetos que tínhamos, mas não recordo ao certo se chegava a ser um grupo de teatro dos alunos. O que lembro é que eu ensaiava e participava de peças diversas. Para mim era mais do que uma diversão, era um desafio. Sempre fui muito tímido, e representar em frente dos amigos e de toda a escola, era algo que dava aquele friozinho na barriga. Mas eu gostava daquilo tudo, e dos ensaios, das falas que tinham que ser decoradas. Me sentia especial, fazendo parte de um universo que não era para todos. Pensando agora, eu consigo enxergar as minhas inclinações para escrita muito em decorrência das minhas experiências teatrais. Nem sempre era possível atuar, tenho lembrança de ajudar a escrever alguns diálogos que foram utilizados nas apresentações.

Passando agora para o lado espectador, sempre gostei de assistir as peças grátis que tinham na minha cidade. Eram todas peças amadoras. Ainda assim sonhava com aquilo tudo, maravilha-me. Comecei a ficar mais velho e a frequentar as peças de teatro do festival de teatro de Curitiba, o maior da américa latina. Na época da faculdade conseguia ver várias apresentações gratuitas. Só que mesmo assim, não tinha presenciado nada que me encantasse pelo preparo e organização. Isso até o mês passado.

Consegui alguns ingressos para o festival deste ano, e mais do que isso, tive a oportunidade de assistir peças com atores renomados, globais. E sério, assistir um profissional de alto escalão executando sua arte foi das experiências mais gratificantes que tive nos últimos meses. Ainda mais considerando todo o contexto e a fase complicada pelo qual passei recentemente, acabou por ser um alento. Uma espécie de passagem, mudança de fase. Não foi somente uma distração de cerca de duas horas. Foi muito mais que isso. Foi a sensação de que podemos ser mais do que simplesmente a vidinha casa-trabalho. Foi o sentimento de que vale sim a pena sonhar, e se permitir deixar ser levados pelas pequenas fugas da realidade. Fora a impressionante capacidade de um senhor de idade em conseguir decorar textos para um monólogo de mais de uma hora. Tenho que ser honesto, não entendi quase nada. Algo muito abstrato para a minha racionalidade. Mas nem por isso menos encantador. Que tenhamos mais dias assim. Deixo abaixo um poema do mestre Paulo Autran, recitando um poema de Casimiro de Abreu. E como dizia o próprio Paulo Autran, Vamos ao teatro!

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