Apesar de preferir minha querida SJP, tenho um carinho especial por Curitiba. Estudei e trabalhei por vários anos na cidade, e durante meu periodo universitário tive a oportunidade de desfrutar tudo aquilo que a cidade me ofereceu. E não existe somente uma Curitiba, existem várias. Tudo depende do ponto de vista e da experiência pessoal de cada um. Tenho meus locais favoritos, dois para ser mais preciso. Hoje falo do primeiro deles.
A boca maldita pode ser considerada o fim da rua XV, ou o início, a depender de qual direção você vem. Oficialmente, a rua XV de novembro inica-se no bairro que leva o seu nome (Alto da XV). A rua muda de nome após a Av. Victor Ferreira do Amaral – importante ligação com o lado leste da cidade – passar por debaixo do viaduto Linha Verde, próximo à Praça da Bandeira. O calçadão da XV, onde os carros não tem vez, inicia-se no prédio histórico da UFPR, na praça Santos Andrade. Alías, o prédio vale uma visita. O acesso é permitido somente para a comunidade da universidade, mas basta dizer que você está indo no DAA que tudo se resolve.
O calçadão da rua XV tem uma diversidade de vida para todo lado. Pessoas apressadas indo e vindo, artistas de rua, vendedores das mais diversas quinquilharias, comércio diversificado e alguns estabelecimentos bem charmosos. Os mais legais são a Confeitaria das Famílias, muito tradicional, e as galerias que cruzam até a Av. Marechal Deodoro. Nunca sei o nome destas galerias, mas dia desses eu tive que cruzar uma delas sentido a outra Marechal, a Floriano, e acabei me deparando com um charmoso café. Além do ambiente aconchegante, o capuchino é um dos melhores da cidade. Fora isto o proprietário é uma atração à parte. Um americano do estado do Colorado, sempre simpático e disposto a conversar. Com seu sotaque carregado cativa quem por ali resolve adentrar, e ainda é uma boa opção para treinar o seu Inglês caso seja esta a sua vontade.
Voltando para a rua XV,o Palácio Avenida é outra ponto tradicional, principalmente na época do natal, quando ocorrem as apresentações do coral do Palácio Avenida. Já quase ao final do calçadão, temos o bondinho da XV. Monumento histórico onde é possível deixar as crianças brincando enquanto você faz suas coisas na XV. Quando eu era criança eu vivia lá, e adorava.
Após o bondinho temos a Boca Maldita propriamente. O nome do local, a esquina da rua XV com a rua Ébano Pereira, ganhou este nome nos anos 50, pois era onde a bohemia curitibana se reunia para discutir política, futebol, ou os demais assuntos do momento. Acabou virando ponto de encontro de manifestações de diversas naturezas e demandas, e a tradição mantem-se até hoje. Além das manifestações situam-se ali malucos de toda sorte. Não acredita, basta conferir no vídeo abaixo.
Um local que fervilha história, e que termina na praça Osório, e conta com a famosa Feirinha da Osório, temática de acordo com a época do ano. Se for até la, não deixe tomar um quentão com gemada, ou de degustar algum prato da culinária variada das barraquinhas. As mais tradicionais são dos colonizadores da cidade, com destaque para os poloneses e ucranianos. Eu prefiro o xis pernil, mas vez ou outra eu visito as outras barracas para provar a diversidade do local. Enfim, esta é a minha Curitiba. Ou uma delas, das tantas faces e cantos que nunca canso de explorar.